Crédito rural deve evoluir nos próximos meses

Com o avanço das renegociações de dívidas no campo, a tendência é que os desembolsos de crédito rural voltem a crescer e retomem um fluxo mais equilibrado ao longo da safra 2025/26. A avaliação é de Wilson Vaz de Araújo, secretário-adjunto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (Mapa), que participou de um evento (18/09/2025) promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no qual foram apresentadas as projeções para a nova temporada.

Araújo destacou que a queda de 23% nos financiamentos liberados entre julho e agosto, cerca de R$ 93 bilhões, não deve ser interpretada como um sinal definitivo de restrição ao crédito nesta safra. Segundo ele, fatores como renegociações em andamento, dificuldades de liquidez em algumas regiões, aumento da inadimplência e até pedidos de recuperação judicial influenciaram o número inicial.

“Estamos num processo de renegociação de dívidas em algumas regiões, houve problema de liquidez, algumas iniciativas como as recuperações judiciais, e um nível relativamente maior de inadimplência“, contextualizou Wilson.

A expectativa é que a regulamentação das renegociações seja publicada até o início da próxima semana. A partir disso, as contratações de crédito de custeio devem ganhar ritmo novamente.

De acordo com Araújo, a demanda total por crédito de custeio e investimento no país gira em torno de R$ 1,1 trilhão por safra, considerando área plantada e custos de produção. Ele lembrou que o atual Plano Safra disponibiliza cerca de R$ 594 bilhões, um volume recorde, alinhado à perspectiva de nova máxima em área cultivada e produção.

Também presente no evento, o vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, reforçou que as projeções da Conab indicam uma safra forte em 2025/26, cenário que, segundo ele, favorece tanto a procura por crédito quanto o retorno financeiro das operações já concedidas.

“Boa perspectiva de safra, para nós, também é boa perspectiva seja do financiamento e do recebimento dos nossos créditos“, apontou Bittencourt.